segunda-feira, 8 de junho de 2009

DESPONDENCY

Deixá-la ir, a ave, a quem roubaram
Ninho e filhos e tudo, sem piedade...
Que a leve o ar sem fim da soledade
Onde as asas partidas a levaram...

Deixá-la ir a vela, que arrojaram
Os tufões pelo mar, na escuridade,
Quando a noite surgiu da imensidade,
Quando os ventos do sul se levantaram...

Deixá-la ir, a alma lastimosa,
Que perdeu a fé e paz e confiança,
À morte queda, à morte silenciosa...

Deixá-la ir, a nota desprendida
D’um canto extrema... e a última esperança...
E a vida... e o amor... deixá-la ir, a vida!

Antero de Quental

3 comentários:

LVila disse...

Creio que este soneto vem mesmo a calhar. Tentem relacioná-lo com aquilo que estamos a aprofundar relativamente à eutanásia.

LVila

Branca Moinhos disse...

O autor esta triste e desiludido com a vida (espírito suicida) e já não acredita em nada. Vive num pessimismo constante.

Rosa Vaidosa disse...

Uma das melhorers actividades feitas nas aulas. Simples e muito útil o debate feito na aula.