segunda-feira, 22 de junho de 2009

Camilo Pessanha


VIOLONCELO

Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...

De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.

Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...

Trémulos astros...
Soidões lacustres...
– Lemos e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!

Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
– Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.



Fonte & link útil: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/pessanha.htm

3 comentários:

LVila disse...

Olá, este será o desafio para esta semana. Gostaria que fizessem os vossos comentários aqui no blogue.

Cmpts

Ivone Guimarães disse...

Poema com muita musicalidade e simbolísmos. Fácilmente a nossa imaginação passa das arcadas do violoncelo para as arcadas da ponte e aos barcos que se despedaçam.O sentimento do poeta é dor e tristeza simbolizado pelo soluçar e choro.

Branca Moinhos disse...

Este poema compara o som do violoncelo com o som do rio, as arcadas que o arco produz no violoncelo com os arcos das pontes, levando-nos em crescendo por um caminho que nos conduz pela tristeza, e pela melancolia .
Fala-nos do som grave e triste que este instrumento emite e que nos transmite uma sensação de tristeza e de ansiedade. O poeta compara e associa também as arcadas com os arcos das pontes por onde passa o rio com o seu som melancólico , poderemos também dizer que neste poema se pode identificar a passagem da vida pelas arcadas do tempo, que no caso do poeta era uma vida melancólica, triste e ansiosa.